Viajo por mim, sem ter comprado bilhete. Hoje,
estou assombrada pela tua ausência. E todos estes sítios por onde passo, já não
me levam a lugar algum. Ás vezes, ainda te sinto aqui, mas outras, já só sobra
a amargura de um passado. E tu eras tão doce... Já não dói como antes, já não
sangra a ferida. Mas será, sempre, um sentir contemporâneo dos tempos que já
não voltam. Um ano... Um ano que passou sem ti, e contigo, tão
simultaneamente... Recordo. Recordo-me em ti e em mim... Nos lugares que nunca
visitámos. E a cada paragem que faço, é mais uma recordação que vem. Estou sozinha. Ainda não sei se já não sinto a tua falta, mas sei que ainda
penso em ti. E mesmo as palavras caladas enfrentam-me na angústia do abandono. Tu
não sabes. Nunca o soubeste. Mas eu disse-te tantas vezes... Eu sabia que não me
ouvias. Desejo que a viagem chegue ao fim. Não suporto mais estas memórias. Não
suporto mais o teu cheiro em pedaços de ausências. Preciso de te deixar para
trás, cada vez mais e mais depressa. Esta náusea enlouquece-me. E, este
delírio, não me deixa. Continuo à deriva, por caminhos sem fim. Fui rainha e
mendiga, mas nunca dona de mim. Viajo sem destino, fico por momentos em
paragens. E quando chegar ao fim, já não me posso perder em miragens.
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