terça-feira, julho 17

O meu mundo parou (4)






      Ouvi, ao longe, não nitidamente, uns passos demorados. E, repentinamente, senti oscilações no meu mundo. Serás tu? Será que encontraste o caminho de regresso? Parecia tudo irreal, mas não. Ao fundo, um vulto, caminhava na minha direção. Ainda não estava perto, mas já lhe ouvia os passos... Levantei-me numa ânsia ofegante de palavras e de gestos. Aceleradamente, sentia-me presa em mim e livre dos grilhões do mundo. Eram sentimentos simultâneos, inercias controversas de coisas que não se explicam com palavras. E tu continuavas a caminhar para mim. Não aguentei e corri, corri para ti, para os teus braços. Olhaste-me como da primeira vez. E eu, senti-te como sempre te sinto. Tremi. O teu toque, o teu cheiro, tu... Seria realmente tudo real? Estaria mesmo a acontecer? Sim, realmente estava a acontecer. O meu mundo, vagarosamente, voltou a rodar em oscilações compassadas com o coração. E eu amei-te. Amei-te como se ama, verdadeiramente, alguém... Sem receios e sem medos. Num silêncio em uníssono numa melodia só nossa. E adormecemos num sonho, conjunto, em que o meu corpo e teu se tornaram um só... Acordei, ainda atordoada de momentos. Procurei-te. Mas, tu já não estavas lá. Chorei, chorei, novamente, uma nova ausência tua. Porquê?! Eu dei-te o meu coração. E tu, guardaste-o e levaste-o contigo. Mas, comigo, só deixaste as fotografias espalhadas pelo chão. Momentos aprisionados em pedaços de papel que acorrentaram a minha alma. Exijo o meu coração de volta! Mas eu não sei quando voltas. Não sei se voltas... E, lentamente o meu mundo voltou a parar... E eu, continuo aqui...


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