sábado, julho 21

Flowers for your grave.




     Ainda agora o sol nasceu. Esta brisa leva o olhar e os sussurros das minhas confissões. Já não me queima por dentro. Já não dói. Porque a brisa é fresca e apaga qualquer vestígio de mágoa. Já gastei as palavras e já perdi o tempo. As ampulhetas são de cristal e, por isso, também se partem. Mas o meu coração não é de cristal e, também, partiu. Não. Ele quebrou. Tu é que partiste. Ou terei sido eu que quebrei e o coração que partiu? Não. Não quero esse fim para esta história. Por isso exijo que tenha sido eu a partir e o coração a quebrar! Assim parece doer menos. E no fim, quem ficou sozinho foste tu. Porque a mim, depois de partir, ainda me resta o coração quebrado.

     Hoje vou deixar esta janela aberta. A vista para o meu jardim é tão bonita. O céu está azul e, agora, o sol já vai alto. Mas a brisa ainda é fresca. Necessito tanto desta brisa... Cada vez mais necessito dela. Porque não me abres a porta? Questionas-me.  Não posso. Primeiro, quero voltar a plantar as minhas palavras, gastas, num vaso. Quero reconstruir a minha ampulheta e (re)criar o meu tempo. Quero colar o meu coração, quebrado. E por fim, quero fechar a janela e abrir a porta. Aliás, quero sair por esta porta fora. Depois, vou colher flores e leva-las à tua sepultura. Para que saibas que mais do que morto, estás enterrado. Para sempre.


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