Se soubesse
que as coisas entre nós iam ficar desta forma nunca te tinha dito nada… Talvez
tivesse sido mais fácil. Quem aguentou tanto tempo também aguentaria mais, ou
para sempre talvez...
Só eu sei o
que passei durante estes anos… Como me senti, como foi difícil suportar esta
minha decisão. Quando começámos a namorar, se calhar pensei que não gostava
assim tanto de ti ao ponto de estar contigo mas, com o tempo, percebi que não
podia estar mais enganada… Aquela semana foi tudo, foi o que de melhor
conseguimos viver juntos, foi intenso e foi sentido. Cada minuto que tínhamos,
estávamos juntos. Não importava se era às 8 horas da manhã ou às 5 horas da tarde, nem se
estávamos juntos uma hora ou cinco minutos. O que importava é que nos tínhamos
um ao outro e que eu nunca me senti mais amada do que naqueles dias. Depois
quando acabaste comigo foi como se tivesses levado um bocado de mim contigo. E
levaste. E ainda o tens… Podes pensar que não sofri assim tanto, mas sofri. E
tu nem imaginas o quanto, como não imaginas o quanto me magoaste enquanto me
tentavas afastar de ti. Foram dias terríveis após a separação. A sensação de
que eu não valia nada, de que não merecia ser feliz, que me tinhas abandonado tal
como outras pessoas o fizeram e que eu voltava a estar sozinha, como sempre. Só
eu sei o que lutei comigo mesma para conseguir ultrapassar, tudo isto, sozinha.
Quando, finalmente, estava a conseguir erguer-me, quiseste voltar, e isso
revoltou-me porque, primeiro fizeste-me acreditar num nós que acabou, para
depois me tirares o chão debaixo dos pés e, segundo, porque depois voltas como
se um pedido de desculpas bastasse para apagar a dor que eu sentia cá dentro. Para
mim, o mais fácil (e talvez, o melhor) era afastar-te. Era pagar-te na mesma
moeda e magoar-te para que sentisses o que eu sentia. Para que nunca mais
tivesse de trocar uma só palavra ou um só olhar contigo. Odiei-te muitas vezes
por não te conseguir esquecer, por não te afastares. Só queria que
desaparecesses para que eu não tivesse de lidar mais com a situação, nem
contigo. Mas tu nunca desaparecias… Estavas sempre lá, todos os dias em todos
os sítios. Estavas lá porque, na verdade, nunca me deixaste durante todos estes
anos… Com o tempo a dor começou a diminuir, a raiva começou a passar, as
lembranças e as saudades começaram a chegar… Mas eu já não podia fazer nada. Tu
já tinhas tido outras pessoas, já tinha passado algum tempo… Tentamos ser
amigos mas eu não consegui. Não consegui porque não podia ser sincera contigo.
Não podia dizer-te tudo aquilo que eu sentia ou que pensava. E depois voltava a
lembrar-me de tudo aquilo que já tínhamos vivido, e isso, assustava-me e
magoava demasiado... E aí voltávamos a afastar-nos. E a cada vez que isso
acontecia, eu pensava que era para sempre. Mas, mesmo afastados, recebia sempre
mensagens tuas, telefonemas teus e nem sabes como isso sempre me tirou o chão
debaixo dos pés. Principalmente, porque sempre tiveste um ótimo sentido de
oportunidade… Essas mensagens e esses telefonemas chegavam sempre que eu estava
em triste, sempre que me recordava de nós, sempre que o meu mundo desabava e eu
desabava com ele. Como se, também tu, estivesses a pensar, simultaneamente, no
mesmo que eu estava a pensar e, sentisses o que eu estava a sentir ou que eu
não estava bem. E quando me sentia ceder, lembrava-me de que a decisão que eu
tinha tomado era a melhor e que já não podia fazer mais nada…
Acredita, eu sei que fui demasiado egoísta, orgulhosa, injusta, fria… E podia ficar aqui
a completar a lista. Mas não houve um dia que eu não carregasse o peso o arrependimento da minha escolha. Não houve um dia que não pensasse em ti e, em como
estarias ou o que estarias a fazer. Que não pensasse no que ainda sentias por mim
ou se já nem sequer te lembravas que eu existia… Mas o que é que posso fazer mais do
que pedir-te que me desculpes? Nada. Provavelmente nunca me
vais desculpar nem compreender. Não te posso pedir que o faças. E o facto de te ter dito tudo isto, não significa que esteja à espera de algo em troca. Apenas
penso ou pensava que, talvez, assim, fosse mais fácil seguir a minha vida e tu
seguires a tua, sem fantasmas do passado a assombrarem-nos por as coisas
estarem mal resolvidas. Apenas isso, resolver as coisas de uma vez por todas. Apenas isso...
(Continua...)
Sem comentários:
Enviar um comentário