sábado, outubro 27

Estórias de amor (14)





Se soubesse que as coisas entre nós iam ficar desta forma nunca te tinha dito nada… Talvez tivesse sido mais fácil. Quem aguentou tanto tempo também aguentaria mais, ou para sempre talvez...
Só eu sei o que passei durante estes anos… Como me senti, como foi difícil suportar esta minha decisão. Quando começámos a namorar, se calhar pensei que não gostava assim tanto de ti ao ponto de estar contigo mas, com o tempo, percebi que não podia estar mais enganada… Aquela semana foi tudo, foi o que de melhor conseguimos viver juntos, foi intenso e foi sentido. Cada minuto que tínhamos, estávamos juntos. Não importava se era às 8 horas da manhã ou às 5 horas da tarde, nem se estávamos juntos uma hora ou cinco minutos. O que importava é que nos tínhamos um ao outro e que eu nunca me senti mais amada do que naqueles dias. Depois quando acabaste comigo foi como se tivesses levado um bocado de mim contigo. E levaste. E ainda o tens… Podes pensar que não sofri assim tanto, mas sofri. E tu nem imaginas o quanto, como não imaginas o quanto me magoaste enquanto me tentavas afastar de ti. Foram dias terríveis após a separação. A sensação de que eu não valia nada, de que não merecia ser feliz, que me tinhas abandonado tal como outras pessoas o fizeram e que eu voltava a estar sozinha, como sempre. Só eu sei o que lutei comigo mesma para conseguir ultrapassar, tudo isto, sozinha. Quando, finalmente, estava a conseguir erguer-me, quiseste voltar, e isso revoltou-me porque, primeiro fizeste-me acreditar num nós que acabou, para depois me tirares o chão debaixo dos pés e, segundo, porque depois voltas como se um pedido de desculpas bastasse para apagar a dor que eu sentia cá dentro. Para mim, o mais fácil (e talvez, o melhor) era afastar-te. Era pagar-te na mesma moeda e magoar-te para que sentisses o que eu sentia. Para que nunca mais tivesse de trocar uma só palavra ou um só olhar contigo. Odiei-te muitas vezes por não te conseguir esquecer, por não te afastares. Só queria que desaparecesses para que eu não tivesse de lidar mais com a situação, nem contigo. Mas tu nunca desaparecias… Estavas sempre lá, todos os dias em todos os sítios. Estavas lá porque, na verdade, nunca me deixaste durante todos estes anos… Com o tempo a dor começou a diminuir, a raiva começou a passar, as lembranças e as saudades começaram a chegar… Mas eu já não podia fazer nada. Tu já tinhas tido outras pessoas, já tinha passado algum tempo… Tentamos ser amigos mas eu não consegui. Não consegui porque não podia ser sincera contigo. Não podia dizer-te tudo aquilo que eu sentia ou que pensava. E depois voltava a lembrar-me de tudo aquilo que já tínhamos vivido, e isso, assustava-me e magoava demasiado... E aí voltávamos a afastar-nos. E a cada vez que isso acontecia, eu pensava que era para sempre. Mas, mesmo afastados, recebia sempre mensagens tuas, telefonemas teus e nem sabes como isso sempre me tirou o chão debaixo dos pés. Principalmente, porque sempre tiveste um ótimo sentido de oportunidade… Essas mensagens e esses telefonemas chegavam sempre que eu estava em triste, sempre que me recordava de nós, sempre que o meu mundo desabava e eu desabava com ele. Como se, também tu, estivesses a pensar, simultaneamente, no mesmo que eu estava a pensar e, sentisses o que eu estava a sentir ou que eu não estava bem. E quando me sentia ceder, lembrava-me de que a decisão que eu tinha tomado era a melhor e que já não podia fazer mais nada…
Acredita, eu sei que fui demasiado egoísta, orgulhosa, injusta, fria… E podia ficar aqui a completar a lista. Mas não houve um dia que eu não carregasse o peso o arrependimento da minha escolha. Não houve um dia que não pensasse em ti e, em como estarias ou o que estarias a fazer. Que não pensasse no que ainda sentias por mim ou se já nem sequer te lembravas que eu existia… Mas o que é que posso fazer mais do que pedir-te que me desculpes? Nada. Provavelmente nunca me vais desculpar nem compreender. Não te posso pedir que o faças. E o facto de te ter dito tudo isto, não significa que esteja à espera de algo em troca. Apenas penso ou pensava que, talvez, assim, fosse mais fácil seguir a minha vida e tu seguires a tua, sem fantasmas do passado a assombrarem-nos por as coisas estarem mal resolvidas. Apenas isso, resolver as coisas de uma vez por todas. Apenas isso...



(Continua...)









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