sexta-feira, setembro 14

Horas perdidas (1)






      E quando pensei em escrever consegui, finalmente, chorar. Estava difícil. Antes só me apetecia escrever. Agora não consigo parar de chorar. Ando há horas com este nó na garganta. Sinto-me a sufocar se ele não se desfizer. Quase não consigo respirar. As promessas que me fizeste tornaram-se em palavras vazias a ecoar na minha cabeça. Constantemente a ecoar na minha cabeça, como um martelo que não pára... Não, estas lágrimas não são por tua causa. São por minha causa. Pela minha estupidez quando acreditei que seria para sempre. Quando acreditei numa vida a dois, num T3 com garagem e umas férias em Paris. Nos filhos que vinham com o tempo, nos sonhos à beira-mar. Na velhice que iria chegar e levar-nos a ambos. E choro, choro as lágrimas que me esqueci de chorar durante estes anos. Choro e arrumo na mala, tudo aquilo para o qual já não suporto mais olhar nem saber que existe. Vou guardar tudo no passado. Mas para isso preciso de chorar. Preciso de digerir este balde de água fria, de tirar estas marteladas da minha cabeça. Depois do ataque de riso, por causa dos nervos, passei o dia a rever, milímetro por milímetro, onde estavam os erros, as falhas, as lacunas. Revi a ordem dos acontecimentos, das palavras, dos altos e baixos. E não compreendo. Não consigo compreender ou, neste momento, não tenho capacidade suficiente para tal... Choro e continuo a chorar. Soluço. Não consigo parar. Preciso de lavar a alma. De tirar da minha cabeça esta imagem que construí, e que, me revira o estômago cada vez que a imagino. Questiono-me sobre o amor verdadeiro e o que é feito dele. Questiono-me se, alguma vez, ele esteve entre nós. Se alguma vez esteve dentro de ti. Não sei. Da mesma forma que não sei se quero procurar por todas estas respostas. Sinceramente, só quero chorar. E quando acabar, já não vou querer saber mais de ti.



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