domingo, setembro 2

Estórias de amor (10)






     "Quando é que podemos tomar um café (ou almoçar, ou lanchar, ou jantar)?" Ou "já agora, quando é que és mais evidente? É que isto parece mais um convite desesperado". Só pensei nisto depois de te ter enviado a mensagem. Sinceramente, não sei o que é que me passou pela cabeça. Um momento de insanidade com insensatez ou, então, um momento de sinceridade. Só me respondeste "qualquer dia de manhã". Fiquei a pensar se seria qualquer dia do género para o ano que vem ou, se tanto te fazia a data que eu escolhesse. E para não dramatizar muito, escolhi a segunda opção.
     Quando te vi, tentei não olhar muito para não parecer estúpida. Já não me lembrava de como era olhar para ti, muito menos de como era estar contigo. Pareceu-me que nunca nos deixámos de sentar na mesma mesa. Que sempre estivemos, ali, frente a frente, com duas chávenas de café. E, quando me olhaste tive de me conter para não desabar em cima da mesa. Ao mesmo tempo, senti que os nossos papéis se inverteram e que, agora, quem tem o controlo da situação és tu. Sinto-me nas tuas mãos. E, percebi que é mais difícil estar nesta posição. Percebi que te fiz demasiado mal e que, provavelmente, ainda não estás reabilitado de tudo o que aconteceu. O teu nervosismo na voz traiu-te mas, a tua postura, essa foi sempre a mesma. Não mudaste muito. Amadureceste, mas não mudaste. Continuas com as tuas ideias fixas, com o teu sentido de humor, com a tua visão do mundo. Havia em ti alguma tristeza. E isso, eu já tinha percebido pelas mensagens. Não quis puxar demasiado por ti. Nem me lembro se alguma fez tivemos esse à vontade. Mas sei que quando me quiseres contar o que se passa, vais fazê-lo. Não dei conta das horas passarem. E, por mim tinha continuado ali, como que a aproveitar o tempo perdido...
     Trouxeste-me a casa. E não me custou despedir de ti. Não custou porque sei que vamos voltar a encontrarmo-nos. Brevemente.




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