Estórias de amor (3)

       Só penso em beijar-te. Em agarrar-te e beijar-te. Ás vezes, parece que ainda me lembro de como é. De como é um beijo teu, de como é beijar-te. Tenho saudades. Tenho saudades dos teus beijos e de ti. De olhar para ti, do teu cheiro, do teu toque, do teu abraço, do teu olhar. Saudades. Ironia do destino, portanto. Ironia essa, que nos tem unido durante todos estes anos. Eu sempre quis viver uma história de amor à antiga, daquelas em que o tempo não destrói o sentimento. Em que se ama com tudo o que se tem. Com cartas de amor e um coração aberto. Com um amor vibrante mas paciente, companheiro, compreensivo, cumplice, incondicional... Um amor em que um completa o outro, como duas peças do mesmo jogo. O que eu nunca pensei é que a estivesse a viver sem dar conta disso...

     Passe quanto tempo passar, há sempre alguma coisa que nos une. Quando eu estou desamparada tu, pareces adivinhar e apareces. Uma mensagem, um telefonema. Qualquer coisa. E, quando tu precisas eu acabo por aparecer na tua vida também. Durante muito tempo foi a mágoa que nos uniu. Depois não sobrou mais nada. Pensava eu. Mas, se calhar as coisas não eram bem assim. Se calhar sempre sobrou alguma coisa para nos unir depois do amor, depois da mágoa e depois do tempo que passou, dos anos que passaram...

     Eu sinto-me a elouquecer. Depois de te não querer durante tanto tempo, agora quero-te novamente, como se nunca tivesse deixado de te querer. Eu sei, eu sei que continuei a amar-te mesmo quando te dizia que não. Eu sei que continuei a magoar-te só porque tive medo que me magoasses mais a mim. Eu sei que pensei que não servias para mim e não me completavas o suficiente. Eu sei isso tudo, apesar, de nunca ter tido a coragem de te o dizer. Eu agora sei isso. E, às vezes, eu queria ter-te dito tudo isto mas, nessa altura, as palavras ficavam entaladas na garganta e não saíam. Eu juro-te que não saíam. Mas eu queria ter-te dito tudo isto mais cedo. E ainda continuo a querer dizer-te, mas ainda não consigo...