domingo, julho 22

Anguish.




    Ninguém entende esta angustia porque só eu a posso sentir. (In)define-me descompassadamente. E, de repente, tudo o que tremia, desmoronou. Este abandono magoa-me. E ninguém entende mesmo que eu explique. É um grito repleto num vazio oco. É um aperto que sufoca desmedidamente, cada vez mais desmedidamente, perante o tempo que não passa. Então, acendo um cigarro e, deixo-me consumir. A nicotina percorre-me. Mas esta angústia é mais mortífera e não se transforma em cinza. E eu fico ali, horas a fio, sentada. Como se eu própria estivesse a ser consumida por tudo isto. Como se o meu cérebro estivesse, mortalmente, em cinza. E, quando estou prestes a apagar-me tu entras. Loucamente, percorres o espaço com o olhar, numa ânsia que não sabia existir em ti. Dirigistes a mim. Beijas-me. Sentas-te à minha frente, sem desviar o olhar. E, silêncios depois, confrontas-me com a tal pergunta do meu sufoco. E eu desabo em ti. Olhas-me, como se não soubesses que, também eu, quebro. Como se descobrisses que, também eu, desmorono e choro e não sorrio. E então eu chorei. E tu deste-me a tua mão. E eu percebi que não estava só. "- Eu não posso dizer que sei o que isso é. Mas eu sei que tu consegues.". Disseste-me tu, ao passares a tua mão na minha cara, limpando-me as lágrimas. E eu soube que também não entendias... Mas ão faz mal. Apertei a tua mão, como se o meu silêncio te agradecesse. Olhei-te nos olhos e, levemente, sorri. E aí tu entendeste. Eu sei que sim.


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